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Aspectos "de infinito amor" na reclusão pandêmica - por Ester Abreu Vieira de Oliveira
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 Article publié le 20 novembre 2022.

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Apresentado no 12 simposio Escrita em tempos pandêmicos : a literatura no limite. Luís Roberto Amabile (PUCRS) Carolina Zuppo Abed (USP) propõe discutir aspectos da criação literária durante a pandemia. 24º Congresso de Estudos Literários - A literatura na pandemia - Ufes- Brasil, realizado entre os dias 08, 09 e 10 de novembro de 2022, no formato híbrido, com palestras e comunicações virtuais (no YouTube e Google Meet) e presenciais (caso seja permitido) no Campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória - ES.
Título da comunicação : Aspectos “De infinito amor” na reclusão pandêmica
Nome do(a) autor(a) (IES)
Ester Abreu Vieira de Oliveira –
Professora Doutora, Emérita da Ufes (DLL/PPGL)
Palavras-chave : Reclusão. Pandemia. Infinito amor
.

 

ASPECTOS “DE INFINITO AMOR” NA RECLUSÃO PANDÊMICA

Numa cidade de reclusão domiciliar por decreto, devido ao coranavirus, com suas ruas desertas, como um lugar encantado, o escritor espanhol Santiago Montobbiorecria seus dias em De infinito amor – Cuaderno del encierro, obra publicada, em 2021, em Villa Nueva de Córdoba (Córdoba - Espanha). O livro faz parte da coleção de poesia de El Bardo 58.

 Em “Aspectos de infinito amor na reclusão pandêmica” propõe-se apresentar essa obra poética de 640 páginas, produzida do dia 14 de março a 22 de junho de 2020.

O autor justifica a expressão “De infinito amor”, por ser o amor o impulsionador da arte. Como a poesia é uma interpretação da vida espiritual, anímica, moral do homem, na análise procura-se ilustrar manifestações do eu lírico externando a sensação que lhe traz o período de isolamento, as reflexões sobre questões transcendentais, as indagações da razão da escritura poética, ao mesmo tempo em que o eu lírico cultua a vida, e a natureza.

A notoriedade da produção poética de Montobbio pode-se comprovar pelas traduções de seus poemas em diferentes idiomas : inglês, francês, português, alemão, italiano, romeno, dinamarquês, albanês e holandês. Para ele escrever é uma necessidade como a da água. É seu passatempo e sua paixão. Esse desejo cresceu na solidão e “prisão domiciliar” durante a época da covid 19, levando-o a escrever De infinito amor – Cuaderno del encierro, nesse período de reclusão por decreto por motivo da pandemia preencheu 640 páginas em De infinito  amor… e justificou que “es el amor, el principio impulsor de la producción del arte.” que o amor “mueve la tierra y persigue el aire.” e “el amor y el arte se escapan tal agua entre los dedos.” e afirma com tudo pode-se fazer poesia : da prisão e da solidão que traz, do ar fresco que entra pela varanda

QUÉ GUSTO DE AIRE BUENO, PIENSO Y DIGO A MI MADRE.

Aire ya casi como de campo, en él y en su luz, en el rumor

de las hojas de los árboles. Puede ser una belleza la tarde

 

Santiago, também, poetisa o alegre verde que da varanda avista, pois o verde, a luz, o sol, e a esperança apesar de tudo não morrem. p. 21 :

DE TODO. HACER POESÍA DE TODO

Del encierro, de la soledad, de

los daños. De la pequeña dicha

que podemos encontrar de pronto

y de modo inesperado, Del aire

fresco que [lo] lleva desde el

balcón y el verde [le]

alegra del árbol que a él

casi llega, Alegría del aire

y de lo verde, de la luz

y el sol, de la esperanza

que pese a todo no muere.

 

As palavras que brotam na poética montobbiana têm dupla beleza uma patente, reproduzida no vocábulo, e outra oculta nos malabarismos de ideias. Nas reflexões que decorrem de seu mundo poético surgem indagações transcendentais sobre a escritura poética. Na solidão de sua prisão domiciliar rende culto à vida, à árvore, aos pássaros, ao dia e à noite. São relâmpagos geniais de imagens, chicoteadas de palavras figurativas que brotam no poema e que, na simplicidade poética, parecem um diálogo entre um eu e um tu, como às vezes se mostra entre a comunicação, nessa prisão domiciliar, de um eu com sua mãe, a respeito da paisagem deserta da rua de Barcelona, quando sua mãe lhe pede que vá até a varanda para comprovar como a movimentada rua onde mora agora está deserta, lembra uma “cidade encantada” mas espera que esse aspecto traga mais humanidade, mais colaboração entre todos : p. 313 :

 

CIUDAD ENCANTADA. SI QUIERES VER UNA CIUDAD ENCANTADA,

me dice mi madre, para que me asome, como ha hecho

ella, al balcón de la calle Pau Clarís en esta mañana

del domingo de Pascua. Así lo hago. Nadie. Solo.

“Parece una ciudad encantada”, remacha mi madre.

Que lo que se ha limpiado el aire se hayan

también limpiado el corazón de algunos hombres.

No sé si esto es posible o es sólo una quimera,

una posibilidad remota e insensata que no puede

tenerse por esperanza. Me hacen albergar este sentimiento

esta quietud y esta paz insólita, y el fresco aire.

De él algo espero. Más bondad, más corazón, más manos

y miradas para todos.

 

Em sua poesia Santiago, com meras palavras, notifica o que em seu psíquico conservou do mundo, o que contemplou no seu contorno, com quem falou ou viu, isto é, tudo o que lhe produziu emoção (sensorial ou sentimental), e passa aquela realidade para o leitor, um seu interlocutor imaginário. Dessa forma remeto à teoria platônica de que a poesia não é ciência e nem técnica, é um daimon, um produto de um poder emocional que invade o poeta e o converte em um instrumento de uma vontade que deixa de ser autônoma.

Em “De infinito amor – Cuaderno del encierro”, via imaginação, germinam reflexões em páginas e páginas, surgidas num aconchego prisional do lar, durante o período de pandemia, em poemas longos ou curtos ou em textos de prosa poética, quando Montobbio sente necessidade de traduzir em sua experiência poética o medo a ruas desertas, com as poucas pessoas circulando, e com quem encontra e não pode falar-lhe, com a situação de sua mãe ler os jornais com luvas. Esse ambiente raro lhe parece que até estão escassos os pássaros, mas em toda essa situação caótica há um verde de esperança de vida, nas folhas das árvores e, também, no brilho da lua e das estrelas. 

Com símbolos precisos o poeta reconstrói o mundo e se aproxima às vezes da mística para descrever o atual período da Semana Santa com a praça em
Roma deserta para a bênção Papal. Crítica situação desse período !... A frustrante paisagem leva-o a citar escritores místicos espanhóis, como São Juan de la Cruz. Essa atitude poética lembra-me uma explicação de Unamuno em do Sentimiento trágico de la vida. “El religioso anhelo de unirnos con Dios no es ni por ciencia ni por arte, es por vida.”

Em fim, ser leitora de obras poéticas de Santiago Montobbio é um prazer, seja sua produção ser ou não de um período de dor e aflição mundial, pois sua poesia se aproxima da música ou vice-versa, isto é, sua poesia é uma música, além de trazer uma temática de vida de família (mãe), de livros (escritores) da natureza (mundo ao seu redor), pois tudo é motivo de poesia para Santiago Montobbio, o amor é infinito para ele, porque faz da poesia uma bela interpretação da vida espiritual, anímica, moral do homem, e nesse período em que os beijos foram desterrados, mas existem as mãos para acariciar e a morte como a do dia no entardecer, canta o poeta a solidão o amor e morte.

 

“UNA LLUVIA DE MIRADAS DE ÁNGELES GLORIOSOS.

Una lluvia de acordes de cristales.

Y sobre todo esto :

la alegría de no estar junto,

ni sobre, ni tampoco dentro,

sino en ella.

Lo mismo que Dios está en todas partes,

confundidos los dos”, leo en el poema de “El alba”,

entre los que componen la colección “Un día”, de 1930,

y el siguiente, con el epígrafe “Al mediodía (despierto del todo)” empieza :

“Bendigo las articulaciones de mis manos,

que no son como pezuñas,

porque pueden acariciarte.

Y la piel tan fina de mis labios,

porque mi sangre está más cerca de la tuya cuando te beso”.

 

Leo estos versos y pienso que han quedado desterrados los besos,

los besos y las caricias, la cercanía que sentir en los labios.

Ha quedado desterrada una de las maneras que tenemos

de expresar que tenemos alma. Y tras este poema el célebre

dedicado a la muerte. Con el epígrafe “Crepúsculo. A la muerte” empieza :

“¡Ven, que quiero desnudarme !

Ya se fue la luz y tengo

cansancio de estos vestidos.

¡Quítame el traje !”. Y acaba :

“Ven, muerte, que soy un niño

y quiero que me desnuden,

que se fue la luz y tengo

cansancio de estos vestidos”.

La soledad, el amor y la muerte.

Al final del día, vista ya

en el crepúsculo. La muerte

que siempre llega, a la que también

llega esta tarde en su belleza, como en la suya

estos poemas.

 

 

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