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Article publié le 20 novembre 2022. oOo
ASPECTOS “DE INFINITO AMOR” NA RECLUSÃO PANDÊMICA Numa cidade de reclusão domiciliar por decreto, devido ao coranavirus, com suas ruas desertas, como um lugar encantado, o escritor espanhol Santiago Montobbiorecria seus dias em De infinito amor – Cuaderno del encierro, obra publicada, em 2021, em Villa Nueva de Córdoba (Córdoba - Espanha). O livro faz parte da coleção de poesia de El Bardo 58. Em “Aspectos de infinito amor na reclusão pandêmica” propõe-se apresentar essa obra poética de 640 páginas, produzida do dia 14 de março a 22 de junho de 2020. O autor justifica a expressão “De infinito amor”, por ser o amor o impulsionador da arte. Como a poesia é uma interpretação da vida espiritual, anímica, moral do homem, na análise procura-se ilustrar manifestações do eu lírico externando a sensação que lhe traz o período de isolamento, as reflexões sobre questões transcendentais, as indagações da razão da escritura poética, ao mesmo tempo em que o eu lírico cultua a vida, e a natureza. A notoriedade da produção poética de Montobbio pode-se comprovar pelas traduções de seus poemas em diferentes idiomas : inglês, francês, português, alemão, italiano, romeno, dinamarquês, albanês e holandês. Para ele escrever é uma necessidade como a da água. É seu passatempo e sua paixão. Esse desejo cresceu na solidão e “prisão domiciliar” durante a época da covid 19, levando-o a escrever De infinito amor – Cuaderno del encierro, nesse período de reclusão por decreto por motivo da pandemia preencheu 640 páginas em De infinito amor… e justificou que “es el amor, el principio impulsor de la producción del arte.” que o amor “mueve la tierra y persigue el aire.” e “el amor y el arte se escapan tal agua entre los dedos.” e afirma com tudo pode-se fazer poesia : da prisão e da solidão que traz, do ar fresco que entra pela varanda
Santiago, também, poetisa o alegre verde que da varanda avista, pois o verde, a luz, o sol, e a esperança apesar de tudo não morrem. p. 21 :
As palavras que brotam na poética montobbiana têm dupla beleza uma patente, reproduzida no vocábulo, e outra oculta nos malabarismos de ideias. Nas reflexões que decorrem de seu mundo poético surgem indagações transcendentais sobre a escritura poética. Na solidão de sua prisão domiciliar rende culto à vida, à árvore, aos pássaros, ao dia e à noite. São relâmpagos geniais de imagens, chicoteadas de palavras figurativas que brotam no poema e que, na simplicidade poética, parecem um diálogo entre um eu e um tu, como às vezes se mostra entre a comunicação, nessa prisão domiciliar, de um eu com sua mãe, a respeito da paisagem deserta da rua de Barcelona, quando sua mãe lhe pede que vá até a varanda para comprovar como a movimentada rua onde mora agora está deserta, lembra uma “cidade encantada” mas espera que esse aspecto traga mais humanidade, mais colaboração entre todos : p. 313 :
Em sua poesia Santiago, com meras palavras, notifica o que em seu psíquico conservou do mundo, o que contemplou no seu contorno, com quem falou ou viu, isto é, tudo o que lhe produziu emoção (sensorial ou sentimental), e passa aquela realidade para o leitor, um seu interlocutor imaginário. Dessa forma remeto à teoria platônica de que a poesia não é ciência e nem técnica, é um daimon, um produto de um poder emocional que invade o poeta e o converte em um instrumento de uma vontade que deixa de ser autônoma. Em “De infinito amor – Cuaderno del encierro”, via imaginação, germinam reflexões em páginas e páginas, surgidas num aconchego prisional do lar, durante o período de pandemia, em poemas longos ou curtos ou em textos de prosa poética, quando Montobbio sente necessidade de traduzir em sua experiência poética o medo a ruas desertas, com as poucas pessoas circulando, e com quem encontra e não pode falar-lhe, com a situação de sua mãe ler os jornais com luvas. Esse ambiente raro lhe parece que até estão escassos os pássaros, mas em toda essa situação caótica há um verde de esperança de vida, nas folhas das árvores e, também, no brilho da lua e das estrelas. Com símbolos precisos o poeta reconstrói o mundo e se aproxima às vezes da mística para descrever o atual período da Semana Santa com a praça em Em fim, ser leitora de obras poéticas de Santiago Montobbio é um prazer, seja sua produção ser ou não de um período de dor e aflição mundial, pois sua poesia se aproxima da música ou vice-versa, isto é, sua poesia é uma música, além de trazer uma temática de vida de família (mãe), de livros (escritores) da natureza (mundo ao seu redor), pois tudo é motivo de poesia para Santiago Montobbio, o amor é infinito para ele, porque faz da poesia uma bela interpretação da vida espiritual, anímica, moral do homem, e nesse período em que os beijos foram desterrados, mas existem as mãos para acariciar e a morte como a do dia no entardecer, canta o poeta a solidão o amor e morte.
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